22 de jan. de 2013

Sober Dreams

        Foi quando acordei e olhei para o lado que percebi. Não era a primeira vez que pensava isso e nem será a última, nem aquela vez foi mais especial que as outras, mas foi aquela a vez em que tive certeza de que essa sensação nunca mais me deixaria. A vez em que olhei para o lado e não vi ninguém. Porque não há ninguém. Nunca vai haver ninguém. Ninguém além de mim.
        Foi quando me lembrei das pessoas que são mais importantes para mim. Aqueles que também vao acordar em sua cama e pegar o celular para falar com outras pessoas. Que vão ligar para outras no meio da noite apenas para dizer que pensam nelas. Que vão poder dizer o quanto sentem saudade por não estar com essa pessoa naquele exato momento sem se preocupar em incomodar a outra com tanta atenção. Que vão poder falar qualquer coisa para alguém sem se envergonhar. E que vão acordar amanhã, olhar para o lado, ver outra pessoa e ser muito feliz só por isso.
        Eu me alegro. Em pensar que as pessoas que são tão importantes para mim vão ser tão felizes dessa forma. Alegro por saber que elas não terão esses pensamentos que tenho. Porque ninguém é igual a mim. Eu não posso viver isso. É verdade que não quero, mas não quero por que sei que me faria mal. Sempre machuquei a quem me aproximo demais. E eu também me machuco. Espero ou exijo demais dos outros. Essa não é vida para mim. Não é a vida que mereço por mais que eu a quisesse.
        Nasci para viver sozinho. E isso é fato. Minha natureza imutável. Gosto da minha solidão e me irrito se invadem meu espaço quando não quero. Irrito demais ao ponto de fazer as coisas mais idiotas do mundo. E ficar sofrendo mais ainda em arrependimentos depois. Mas é essa mesma solidão que todo dia me lembra da saudade, essa mesma solidão que detesto quando interrompem. Os silêncios que grintam a verdade em minha cabeça. E os vazios que encaro ao meu redor. Que existem dentro de mim.
        Ainda sou jovem e muitos diriam que isso é apenas uma carência passageira. Não é a primeira vez que penso isso. E nem será a última. Porque esse sou eu. Com a mente sempre a frete do tempo presente. Apesar de novo, na minha cabeça há uma pessoa quase da segunda idade.
        E naquela manhã eu acordei. Mas não queria. Continuei deitado e esperei o sono voltar. Dormi por mais duas horas. Levantei e já era tarde. Tomei o café da manhã. Li. Escutei algumas musicas. Vi alguns filmes. Ainda é verão e estou de férias. Sem muito para me ocupar fora a constante solidão. Ficou de noite. Fui dormir. Para amanhã acordar e olhar para o lado mais uma vez.

Enki

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