3 de mai. de 2013

Das Fabulas de Utopia - Campos Devastados


Existiam as estrelas e elas cantavam o silêncio. Porque o silêncio mórbido e eterno é tudo o que as estrelas cantam. E abaixo delas, desertos de grama, amareladas e secas, se firmavam nas expansões. Limitados pelos mares a leste e as montanhas a oeste, os campos se se estendiam infinitos nas outras direções. Existiam os mares verdes e doces e, quando suas ondas alcançavam as praias de areia dourada, formavam espumas de sabão sobre suas águas, e deixavam seus rastros de pegadas na terra. Existiam as montanhas do outro lado e elas se chacoalhavam para retirar o excesso de neve que a atmosfera insistia em formar para cobri-las. Assim, torrões de sal desciam constantemente as encostas pedregosas das montanhas e impediam qualquer formação vegetal ao redor delas.
Existiam também as fuinhas que sempre se organizavam em fila por quilômetros até o horizonte, e erguiam suas mãos paras estrelas e ficavam balançando-se de um lado para outro, como os morto-vivos balançam de um lado para outro lentamente enquanto andam. Porque as fuinhas adoram as estrelas e gostam do silêncio eterno que elas produzem. Existiam as rosas vermelhas que se alongavam por metros e metros nas alturas a fim de alcançar os céus. Porque todos sabem que as florestas de rosas são apaixonadas pelo Sol e querem roubá-lo de sua dança com a Lua por pura inveja. Existem os cisnes viajantes que voam para o norte toda manhã e voltam pela noite. E existe o Sol e a Lua dançando seu pas de deux a cada ciclo celeste.
E esses são os Campos Devastados, porque devastados eles sempre foram e devastados irão continuar a eternidade. Há quem não acredita na existência de tais campos, uma vez que o universo distorce em seus arredores e o tempo flui inconstante. As plantas empalidecem no inverno e amarelam no outono e completam ciclos vitais a cada dia. As águas dos rios param na terra para que as nuvens avancem rápidas e leves no céu. E os cascalhos do fundo sempre rolam terra acima nas cachoeiras. O som das baleias ecoa por quilômetros sendo carregado constantemente por nada. E os ventos param, tanto quanto as brisas se interrompem. E as estrelas se movem como a canção de aviões silenciosos. E esses são os Campos Devastados.
Um velho ancião acompanhado de um casal de crianças chegou ao vale e, uma vez lá, o ancião sentou com as duas crianças a sua frente e assim declarou. “Tudo que há aqui será de vocês e estará sob seus domínios para que façam o que bem entenderem. Cacem as fuinhas para que tenham a carne para comer e bebam das águas dos rios quando quiserem, pois elas são puras como todo o resto que há nesse lugar. Lavem-se no mar para que o sabão retire os resquícios humanos que contaminariam esse lugar e divirtam-se como quiserem por aqui. Mas nunca cheguem perto dos cisnes, porque a infelicidade os acompanha onde quer que eles queiram ir. Pois estes são os Campos Devastados e aqui a única lei é o equilíbrio.”
Dito isso, o ancião se pôs a meditar e as duas crianças aproveitaram para se divertir. Elas brincaram e brigaram várias vezes até aprender a conviver juntas com o tempo. Elas cresceram e aprenderam a se organizar, dividindo suas tarefas quando era necessário, apesar de que fizessem quase tudo juntas. E juntas cresciam, e juntas se divertiam, e juntas viviam.
Por setes mil ciclos celestes, o ancião meditou e quando finalmente terminou sua meditação encontrou o jovem casal já adulto e amadurecido. Percebendo que aqueles dois já conseguiam cuidar de si mesmos ele deixou os Campos Devastados para seguir seu rumo enquanto o jovem casal percebia a cada dia mais forte a paixão florescer entre eles. Sozinhos e sem precisar se incomodar com a presença o ancião, eles se sentiram livres para viver o amor que possuíam, sem vergonha dos sentimentos, sem medo de errar, sem medo de incomodar a outros.
E em um entardecer qualquer, como o de qualquer outro dia, eles deitaram na grama do vale e olharam para cima a fim de ver os últimos tons do manto vermelho do sol darem lugar a cores mais escuras. “Olhe as estrelas” ele disse para ela “Veja como elas dançam, e brilham, e dançam, correndo em destaque nas sombras da noite.”
“Eu vejo” ela respondeu “vejo como elas caminham solitárias por este céu noturno e tenho pena das estrelas, tenho pena por não terem alguém que as acompanhe, e tenho pena por serem a solidão”.
“Então finja que elas são um sonho. Finja que o mundo é tão simples quanto esse lugar em que vivemos. Finja que não há tristeza ou mágoa e que tudo de ruim terminará como estrelas cadentes que cairão nesse campo para fazermos companhia a elas. Então eu lhe pergunto: há algum outro desejo que você gostaria de realizar agora mesmo?”
“Meu único desejo seria viver ao seu lado como as estrelas caem no céu.”
E naquela noite eles foram o casal mais feliz e realizado que já existiu, pois eles se amavam. E seu amor era tão grande e tão forte que faria estrelas caírem do céu quando assim eles sonhassem. Quando o ciclo celeste recomeçou e o Sol reapareceu, o homem acordou e encontrou um belo e elegante cisne a alguns metros de distância. E ele lembrava que não devia se aproximar dos cisnes, e não lembrava o porquê. E vendo aquele animal negro, tão elegante, tão diferente, tão belo, logo pensou em usar suas penas para fazer algum presente para sua amada. E quis caçar o cisne, como conseguia faze muito bem com qualquer outro animal. E coseguiu, retirando cinco penas das quais pensou em fazer alguma coisa para sua mulher. E ele não sabia que as penas de cisnes continham venenos mortais que se espalham no menor contato, pois os cisnes durante o dia sempre desaparecem no norte e reaparecem quando a noite chega e ele dorme.     Quando a mulher acordou, encontrou seu amado caído como as estrelas, e ele ainda segurava as penas para ela.
E não existia mais os desertos de grama, nem os mares a leste ou as montanhas a oeste. E não existiam mais as fuinhas E não existiam mais florestas de as rosas vermelhas. E não existia mais o Sol e a Lua. E não existia mais nada.
E tudo que existia eram as estrelas, e elas cantavam em silêncio. Porque o silêncio mórbido e eterno é tudo o que as estrelas cantam. Porque esses são os Campos Devastados, e porque devastados eles sempre foram, e porque devastados irão continuar a eternidade.

Enki

Brasil e o preconceito


Nos dias atuais, dizem que o Brasil é um ótimo lugar com pouco preconceito. Contudo, quantas vezes não aparecem nos jornais sobre crimes extremamente violentos cujas causas são: diferença social, opção sexual ou etnia? O que leva as pessoas a terem preconceito?
Em um país, como o Brasil, formado principalmente por três etnias, deveria ser desnecessário leis para proteção de negros e indígenas, visto que a população deveria compreender que todos somos diferentemente iguais.
Antes de qualquer coisa, devemos compreender que preconceito pode pronunciar-se em qualquer lugar por qualquer motivo. Por exemplo, escolas, que deveriam ser um lugar que pudesse amenizar esse problema, em uma pesquisa realizada pelo Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostrava que mais de 90% dos entrevistados (alunos e pessoas relacionadas as escolas) apresentavam algum preconceito, sendo o preconceito por pessoas com deficiência a principal, e 10% dos alunos sabiam de algum caso de violência ou humilhação.
Muitas vezes, o preconceito surge como medo em relação a algo, como se o fato da outra pessoa ser diferente em algo a tornasse melhor que você por isso, e, para a pessoa se sentir melhor, ela tenta ser melhor que você, mesmo que isso indique que ela o humilhará ou o agredirá. Também há a situação em que a criança aprende com os pais isso, vale lembrar que não é culpa dela, pois crianças são facilmente influenciáveis e seguem seu maior exemplo: os pais. Se os pais são preconceituosos, a chance dos filhos desse casal ser preconceituoso é muito grande.
O fato de ter diferença entre nós é algo que deveria ser uma maneira de crescer, porém tudo que está fazendo é criar leis de proteção das pessoas. Enquanto as pessoas se sentirem intimidadas pela diferença, será difícil e talvez beire a impossibilidade, viver em um país pacífico.



Niko

1 de mai. de 2013

Cara senhorita


Cara Senhorita
Estes dias em que passamos distantes
Sinto falta da alegria que me causas
Quando sorri para mim.

Sinto falta dos teus beijos,
Falta dos nossos momentos,
Falta de dizer o quanto te amo
Falta de te abraçar e não soltar.

Sinto falta de afagar teu cabelo
De beijar tua mão
De acariciar teu rosto
De beijar tua testa.

Sinto tanto a tua falta,
Cara Senhorita
Ainda fico a olhar as estrelas
Lembrando-me do brilho do teu olhar.

Cara Senhorita
Eu te amo.
Sem mais delonga,
O teu amor.



Niko

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