Hilária se apoiou no parapeito da janela. Estava chovendo forte na cidadezinha de modo que o vidro estava embaçado e era difícil de enxergar alguma coisa. Mas ela conseguiu ver a figura masculina se aproximando.
A garota saiu de seu ponto de observação, rodou as rodas da cadeira o mais rápido que conseguia e alcançou a porta antes que alguém a impedisse.
-Papai! -Ela gritou. Saiu pela chuva não se importando se as rodas de sua cadeira estava suja de lama ou se a chuva estragava seu vestido esverdeado ou seu cabelo alaranjado.
O homem parou de andar. Abaixou a cabeça e deixou as pesadas gotas descerem pela sua face. Não era a chuva. Eram lágrimas. Mas por que ele chorava? Hilária não sabia.
A menina acelerou. "Papai." Ela falava "Papai, o que foi?"
-Não se aproxime. -Ele falou alto.
-Papai? O que eu fiz, papai?
-Não me chame de pai! Eu não sou seu pai!
-Papai! -Ela agora chorava. -Não fale isso papai. -Por não notar um monte de lama e por estar muito rápida, as rodas da cadeira ficaram presas e a garota foi arremessada para frente.
Caiu pesadamente sobre a lama. Não se importava se estava toda suja. Não se importava se não ia conseguir se levantar. "Papai!" Ela gritou com força. O homem passou por ela e seguiu em direção a casa.
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